Espelhos e vidros que refletem tudo a sua volta, refletem a mim e ao outro, a paisagem e a si mesmos; fundem planos, fragmentam paisagens e formam uma única e fascinante imagem. Ao observar a interação das pessoas com estes materiais, foi possível perceber tanto a fixação com a auto imagem, quanto o descaso que a correria do dia a dia lhes traz. Mas, acredito que, mesmo inconscientemente, os reflexos causam algo no homem da cidade. Somos todos Narcisos na metrópole: nossa imagem volta como a imagem do Outro num fluxo contínuo de reflexões que acabam por anular-se. Cabe a nós repararmos nesse intrigante jogo de espelhos com nosso próprio olhar, transformando o espetáculo em que estamos inseridos também em uma experiência autêntica e reflexiva.
São Paulo, 2013.